sábado, 18 de agosto de 2012

ELA


Lá vem ela de novo...
Não sei de onde,
Na verdade, nem sei se um dia se foi.

De onde vem, chega remoendo tudo,
revirando o que está guardado,
trazendo consigo o que é só meu.
Trazendo à boca gostos que são seus.
Só seus.

Revira meus discos,
toca em minh'alma canções antigas
e atuais...
gemidos, sussurros e promessas não cumpridas.

De onde vem, não pede licença, apenas corta.
Rasga o coração que não quer viver outra vida.
E vem e passa... no sorriso a mesma lágrima.
Tempo distante, passado e futuro, de presente num segundo.

Chega num verso, num verbo...
Chega aos olhos fechados,
outrora por um beijo selado
um pacto fechado e por tão pouco rasgado.

O quarto empoeirado, o caminho jamais pisado.
A direção aproada no mesmo sentido...
A história... interrompida,
páginas rasgadas de um livro jamais lido...
Os pratos, "o prato só na mesa"...
O abraço só... as chaves de casa...

Ela vem sem dó...
e vai... levando
mais um pouco de vida.
A mesma que ficou com ela,
no quadro coberto, guardado.

Não te chamei aqui, saudade.
Volte para onde veio,
e não corte mais meu peito.
Porque esse, ela também levou.



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